Conhecemos a configuração. Um grupo de amigos concorda em se encontrar em uma cabana na floresta para um tempo de qualidade isolado. Todos se conheceram na faculdade, mas agora são profissionais se estabelecendo na casa dos 30 anos. Então, qual é a reviravolta? Eles são todos negros e estão lá para comemorar o dia de junho, um feriado para comemorar os escravos no Texas sabendo que finalmente foram livres. No presente, esses profissionais negros são um exemplo de quão longe chegamos. Mas, mesmo agora, a brancura ainda é um perigo. A cabana em que eles estão hospedados pertence a uma família branca, e todos ao seu redor na cidade são brancos. É uma história de terror, mas não exatamente a que estamos acostumados. Porque nesta história, a tragédia é enfrentada pela comédia.
Talvez seja uma forma excessivamente séria de descrever uma comédia de terror, mas as implicações de O escurecimento são pesados. A celebração da liberdade se torna uma luta pela sobrevivência, e realmente não há nada mais negro do que enfrentar o racismo com humor. O tipo de humor que vem ao saber que todas as probabilidades estão contra você, e ainda assim você tem que continuar. Esses jovens negros encaram a morte e riem. Até mesmo o slogan do filme - "Nem todos podemos morrer primeiro" - é um grito de guerra lúdico, reconhecendo a maneira como o gênero de terror tende a nos descartar em favor de heróis brancos. Eles sabem que não se espera que sobrevivam, e é por isso que precisam.
O escurecimento O filme, baseado no curta viral Comedy Central de mesmo nome, protege seus personagens com um brilho brilhante de meta-comentário. Diretor Tim Story, mais conhecido por dirigir Barbershop, encerra esta história de terror em um espaço onde as piadas fluem facilmente e a morte raramente chega. não é bem Todo Mundo em Pânico, mas está muito longe do pavor que experimentamos no terror negro na sequência de Saia. Recentemente, o terror negro centrou-se no sofrimento sombrio, tentando imitar o trabalho de estréia na direção de Jordan Peele, mas sem nenhum de seu humor. O escurecimento parece ser uma resposta direta a isso.
Quando Lisa (Antoinette Robertson), Dewayne (Dewayne Perkins), Allison (Grace Byers), Nnamdi (Sinqua Walls), King (Melvin Gregg), Shanika (X Mayo) e o desajeitado Clifton (Jermaine Fowler) chegam à sua cabana para as comemorações do décimo segundo mês, seus amigos Morgan (Yvonne Orji) e Shawn (Jay Pharoah) estão misteriosamente ausentes. Eles tentam ignorar seu desconforto mergulhando em jogos, drogas e, principalmente, drama de amigos. Mas os roteiristas DeWayne Perkins e Tracy Oliver encontram uma maneira de tornar o perigo pessoal o suficiente para forçá-los a agir. Ele vem com a introdução de uma sala estranha, que contém um jogo que eles nunca ouviram antes, The Blackening. Uma caricatura com um rosto que imita as imagens racistas de lábios vermelhos e cortiça que permearam o entretenimento desde que Jim Crow ocupa um lugar de destaque no tabuleiro do jogo. Ele fala com uma voz alegre, mas ameaçadora, antipática com seus jogadores.
Inicialmente, todos estão prontos para o desafio. Seu conhecimento de gênero fornece muito do humor. O filme é mais forte ao reconhecer o perigo inerente de ser negro e como isso nos forçou a ser mais cautelosos. Quando nós, como negros, assistimos a filmes de terror, sempre tendemos a apontar como os protagonistas brancos mal tomam decisões. Não iríamos simplesmente caminhar direto para o perigo. Não confiaríamos em ninguém com um distintivo. E o mais importante, não nos sacrificaríamos para salvar nenhum branco. Os personagens em O escurecimento não fazem nada disso, agindo de forma rápida e pragmática com o mínimo de tempo para se encolher e se angustiar com o que precisam fazer.
Além da crítica racial inerente ao filme, há um forte foco na desigualdade nas amizades. Mas os temas realmente não se conectam tão bem quanto poderiam à história principal. Na maioria dos slashers, os personagens se matam quando estão sozinhos. Mas em O escurecimento todos são uma frente unida, totalmente sincronizados um com o outro comicamente e emocionalmente, então não há muito motivo para mudança. Uma grande brecha dentro do grupo de amigos, seja uma divisão econômica crescente ou um desacordo intelectual sobre raça e política, poderia ter sido atraente para explorar em um cenário de terror. Uma das grandes coisas sobre o filme de sucesso de Story Barbershop foi assim que mostrou como os negros podem discordar e entrar em discussões acaloradas, antes de finalmente se reunirem novamente. Mas, em vez de explorar as maneiras pelas quais certos grupos de amigos podem entrar em conflito e, sem saber, criar uma hierarquia social, O escurecimento está interessado apenas na dinâmica entre dois membros do grupo - Dewayne e Lisa.
Infelizmente, esse conflito é a parte mais fraca do filme. A ideia por trás disso é convincente: relacionamentos entre mulheres heterossexuais e seus melhores amigos gays podem ser desequilibrados. Os melhores amigos gays, na tela e na vida, costumam ser vistos como sistemas de apoio para caminhar, fornecendo encorajamento e conforto sempre que necessário. É assim que Dewayne se sente sobre seu relacionamento com Lisa. Mas o enredo deles ainda pesa a seu favor. Não sabemos nada sobre Dewayne fora de seu relacionamento com Lisa, embora ele seja amigo de todos no grupo. E quando chega a hora da discussão culminante entre eles, nós, como público, temos muito pouco para continuar. O que Dewayne perdeu durante seu tempo apoiando Lisa? Havia amor romântico em sua vida? Existe algum agora? E por que foi necessária uma situação tão extrema para esses dois resolverem isso?
Em última análise, O escurecimento sofre por ser um pouco mal cozido quando se trata de seus personagens e temas. Mas a química entre o elenco de O escurecimento e piadas fluidas mantêm o filme à tona, mesmo quando fica cada vez mais claro que as apostas não são tão altas quanto poderiam ser. Byers, Gregg e X Mayo são os destaques aqui, proporcionando ao filme suas maiores risadas tanto verbalmente quanto com sua comédia física. O próprio tabuleiro do jogo parece um pouco subutilizado, mas é eficaz para levar esses personagens aonde eles estão indo. O local onde eles chegam não é exatamente o que esperamos, mas é um passeio divertido, resultando em O escurecimento sendo destaque nos filmes de comédia de terror lançados nos últimos anos.
